- Os baixíssimos padrões de comprovação prevalecentes nas épocas em que os vários livros da Bíblia foram escritos.
- O fato de que só dispomos de cópias de cópias de cópias… Era hábito de muitos copistas da Antiguidade cortar, acrescentar e modificar para deixar o texto mais ao seu gosto ou mais ao gosto desta ou daquela corrente teológica. Por exemplo: a cópia do Livro de Jeremias encontrada entre os Manuscritos do Mar Morto é cerca de 15% mais curta do que a que acabou encontrando lugar na Bíblia. Isto quem diz é o pesquisador judeu holandês Emanuel Tov, que mora em Israel há mais de quatro décadas e pesquisou a fundo os Manuscritos do Mar Morto (revista Veja, 17 de abril de 2002).
- Jesus errou as previsões sobre seu retorno. Nos primeiros tempos do cristianismo, baseados nas palavras do próprio Cristo segundo os Evangelhos, os cristãos esperavam seu retorno para muito breve, para o tempo de vida deles. Somente quando isso não aconteceu, começaram as tentativas de reinterpretações. A este respeito, recomendo meu artigo “O Fracasso do Jesus Profeta”, disponível, com quase novecentos comentários, no site Múltiplos Universos (www.multiplosuniversos.com.br).
- O Velho Testamento pode ser resumido em duas palavras: ódio e racismo (“Não deixeis vivo nada que respire. Ao contrário, passareis no fio da espada homem, mulher, criança e animal”). E o Novo Testamento valida o Antigo várias vezes. Ou seja, não se pode ficar com o Novo descartando o Velho. Se se descartar um, há que se descartar o outro também.
- A Bíblia tem inúmeras contradições. Uma delas é que em Lucas (Lucas 23: 39 a 43) um dos ladrões insulta Jesus enquanto o outro o defende. Em Mateus (27:44) e em Marcos (15:32) ambos os ladrões o insultam.
- A Bíblia mostra o homem e a mulher criados prontos, enquanto a teoria da evolução, apresentada no século 19 e confirmada nos séculos 20 e 21 pela genética, a paleontologia e a biologia molecular, mostra que a espécie humana (como todas as espécies) tem uma pré-história, iniciada há cerca de seis milhões de anos, quando começaram a divergir os ramos que resultaram no ser humano e no chimpanzé (o parentesco genético do chimpanzé conosco é maior do que com o gorila e o orangotango).
- A história de Adão e Eva não pode ser simplesmente reclassificada como uma alegoria ou uma metáfora, porque esta história é a base de um componente fundamental em todo o cristianismo: o pecado original, que teria começado com Eva e com Adão e que seria transmitido de geração a geração, como se fosse uma doença genética. Jesus Cristo teria vindo para, com seu sacrifício, nos redimir do pecado original. Portanto, Adão e Eva têm que ter existido ou todo o cristianismo cai por terra. Mas não há lugar na ciência para Adão e Eva, e o cristianismo fica emparedado.
- O apóstolo Paulo, figura-chave do cristianismo, autor de grande parte do Novo Testamento, é uma figura extremamente problemática, principalmente por suas investidas contra as mulheres e a favor da escravidão. A depender da vontade de Paulo, as mulheres não poderiam ensinar, não poderiam falar em público ou entrar na igreja com a cabeça descoberta.
- “É o espírito da época”, defendem-se os cristãos. Mas e a proibição da homossexualidade, também não seria espírito da época? A quem cabe decidir o que é espírito da época e o que é Palavra de Deus? A quem cabe distinguir um do outro?
- Voltando a Adão e Eva, se eles não passam de uma alegoria, por que o próprio Jesus Cristo não seria também uma mera alegoria? E o Espírito Santo? E o próprio Deus Pai? Onde deve parar a alegorização? E quem decide onde ela deve parar? Os milagres existiram de fato ou são alegoria? A crucificação aconteceu de fato ou é uma alegoria? E a ressurreição no terceiro dia? Como se vê, o cristianismo é estrangulado intelectualmente por uma sucessão de problemas insolúveis que está longe de terminar por aqui.
sábado, 18 de agosto de 2012
Dez razões para descrer do cristianismo
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